A perceção dos jesuítas no mundo português: entre o trato de e o gosto por orientalia (sécs. XVI-XVII)

Autores/as

  • Cristina Osswald CITCEM-Universidade do Porto

DOI:

https://doi.org/10.13035/H.2018.extra01.17

Resumen

Durante os sécs. XVI e XVII, os jesuítas notabilizaram-se na encomenda de orientalia. Incluía esta encomenda exotica, rarita, naturalia. Tratando-se de homens de religião, uma parte considerável das orientalia encomendadas tinha um carácter religioso. Pelo menos, no início, tais objetos destinavam-se predominantemente à liturgia nas missões. No entanto, os jesuítas rapidamente desenvolveram um apurado gosto pelo colecionismo destes objetos, tendo-se ainda notabilizado no seu comércio. Entre as orientalia que mais interesse despertavam entre os jesuítas, destacavam-se a seda e a prata japonesas transportadas pela Nau do Trato, as rarita indianas, como objetos de ourivesaria e escultura em marfim, ou ainda naturalia e exotica, como pérolas e pedras de bezoar. Os Jesuítas aderiram ainda, de imediato, à moda da porcelana e da laca chinesas. Os jesuítas foram agentes fundamentais do ponto de vista técnico. A criação das pedras de Goa e a introdução da Púrpura de Cassius deveu-se a jesuítas. Autores jesuítas escreveram ainda importantes tratados técnicos. O comércio e o colecionismo de orientalia por jesuítas era, muitas vezes, excessivo. No entanto, a repetição de proibições pelo Geral Claudio Acquaviva e pelo Geral Everardo Mercuriano é bem elucidativa da incapacidade das autoridades acabarem com as práticas pouco adequadas a religiosos de possuírem objetos luxuosos e de fomentar o gosto pelo luxo, através da oferta de orientalia.

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Publicado

2018-01-12

Número

Sección

El poder de la economía en el Siglo de Oro